terça-feira, 21 de junho de 2011

[Resenha] Eu sou o livreiro de Cabul

Olá!

Depois de várias resenhas de livros brasileiros, vou escrever hoje sobre um livro estrangeiro. Eu sou o livreiro de Cabul é um livro resposta de Shah Muhammad Rais ao livro O livreiro de Cabul de Äsne Seierstad. Antes de mais nada preciso dar para vocês um resumo do livro de Äsne para que vocês entendam a história de Shah.

Por ter vivido três meses com uma família afegã, na primavera de 2002, logo após a queda do regime talibã, a jornalista norueguesa Asne Seierstad pôde produzir esta narrativa ímpar que mostra aspectos do país que poucos estrangeiros testemunhariam. Como ocidental, mulher e hóspede de Sultan Khan, um livreiro de Cabul, obteve o privilégio de transitar entre o universo feminino e masculino de uma sociedade islâmica fundamentalista. Preso e torturado durante o regime comunista, Sultan Khan teve sua livraria invadida e parte dos livros queimados, mas alimentava o sonho de ver seu acervo de 10 mil volumes sobre história e literatura afegã transformar-se no núcleo de uma nova Biblioteca Nacional.
Apesar da situação estável, a família do livreiro, dividia uma casa de quatro cômodos em uma cidade que se recuperava da guerra e de trágicos reflexos políticos. Os integrantes da família acostumaram-se à presença da autora sob uma burca. Assim, ela pôde observar relatos das rixas do clã; da exploração sexual das jovens viúvas que esperavam doações de alimentos das organizações de ajuda internacional; da adúltera sufocada com um travesseiro pelos três irmãos sob as ordens da mãe; do exílio no Paquistão da primeira esposa de Sultan Khan, após um segundo casamento com uma moça de 16 anos, do filho adolescente do livreiro obrigado a trabalhar 12 horas por dia sem chance de estudar.


A autora apresenta uma coleção de personagens comoventes que reflete as contradições do Afeganistão, e nos emociona sobretudo ao apresentar a rotina, a pobreza e as limitações impostas às mulheres e aos jovens do país. O protagonista, mesmo sendo um homem de letras, é um tirano na orientação familiar, nos negócios, e pautado pelo radicalismo. Prova disso é que, indignado com o trabalho da autora, o livreiro de Cabul que inspirou o personagem Sultan Khan foi à Noruega com o propósito de pedir reparação judicial.

 

Bom, não sei se deu para perceber só por esse resumo o que Äsne escreveu sobre Sultão Khan. Em seu livro ela o critica colocando-o como um tirano que faz mal a sua família. Para saber de tudo isso eu não precisei ler o livro de Äsne, só precisei ler o livro de Shah. O Sultão Khan descrito por Äsne é Shah que, sentindo-se injustiçado por tudo o que ela escreveu sobre ele e sua família, resolveu escrever um livro para falar o que aconteceu exatamente.

Eu Sou o Livreiro de Cabul

Eu sou o livreiro de Cabul é escrito como uma espécie de diário no qual Shah conta que estava em Karachi a negócios quando dois trolls o encontraram para questioná-lo sobre o livro de Äsne, pois, segundo eles, todos os noruegueses ficaram chocados com as atrocidade de Sultão Khan e queriam tirar essa história a limpo. No decorrer do livro, Shah narra seus encontros com os trolls durante três noites que foram repletas de histórias de Shah sobre o que Äsne realmente viu e sobre as desgraças que aconteceram em sua vida e no de sua família depois que ela publicou o livro. Um exemplo é o filho de Sultão Khan. Äsne diz que ele era obrigado a trabalhar não tendo chance de estudar. Shah fala que isso não é verdade, seu filho trabalhava porque queria e só não estudava, pois com a guerra as escolas foram destruídas, mas todos da sua família sabiam ler e escrever, além de saberem outras línguas. Essa é apenas uma das situações explicadas por Shah. Após três noites contando tudo isso para os trolls, ele teve um encontro com os reis dos trolls que deu a ideia de ele fazer esse livro resposta para que todos pudessem saber a verdadeira história.

O uso de trolls no livro foi uma boa escolha, uma vez que eles fazem parte de lendas da Noruega, país da jornalista Äsne. Durante todo o livro ele repete que Äsne arruinou sua vida e que ela foi muito ingrata, uma vez que ele e sua família a receberam muito bem na casa deles. Recomendo que vocês leiam esse livro para saber um pouco mais sobre a história do Afeganistão, mas antes leiam o livro de Äsne para que vocês possam ter uma noção do que Shah está falando. Eu não li, mas parece ser interessante.

Bjss*

Gabi Lima

9 comentários:

  1. Acho que ninguem tem o direito e chegar numa nova cultura e critica-la, dizendo que está errada. Claro que eu não concordo com tudo que o Islamismo prega, mas dai dizer que eles são barbaros e estão errados como a sinopse do livro de Asne parece fazer é um absurdo.
    Achei bem legal esse livro resposta de Shan. também acho que foi uma otima maneira dele se surfar na onda de sucesso da autora, mas o que se pode fazer?
    essa foi uma resenha beeeem interessante!
    bjs
    Liv
    http://paponosense.blogspot.com
    p.s. estou sentindo sua falta lá no blog viu? depois, quando tiver tempo, passa lá!

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  2. Por algum motivo, acredito bem mais na versão da Asne do que na do sultão - talvez seja porque sei que ela tem outros trabalhos direcionados à exposição da realidade de culturas específicas. E discordo dessa história de que criticar uma nova cultura é absurdo; há coisas que realmente não podem ser questionadas, por se tratarem de crenças específicas (o politeísmo de algumas sociedades, por exemplo), mas deixar a exploração sexual de jovens viúvas e o sufocamento das adúlteras por isso mesmo? Isso é que eu acho absurdo.

    De qualquer forma, posso realmente estar sendo precipitado em minha análise. Essa dupla de livros acabou de ir direto para a minha wishlist, porque eu PRECISO tirar essa história a limpo, rs.

    =*
    http://livrosletrasemetas.blogspot.com/

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  3. Deve ser legal esse livro.
    Amei a sua resenha =)

    Tem meme para você lá no blog
    http://assuntosobrelivros.blogspot.com/2011/06/memes-e-selinhos.html

    Bjs...

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  4. Acho que O livreiro de cabul narra verdadeiramente a vida daquele povo pois já li outros livros que falam da vida do povo do Afeganistão e todos atestam a mesma coisa. Na narritiva onde Asne fala sobre o filho de sultan, para mim tudo se torna veridico, pois a narrativa foi feita depois da guerra e as escolas ja estavam abertas sem motivos para que ele não fosse a escola. O filho de sultam era quem cuidava da livraria e como o pai só confiava nele ele era obrigado a cuidar dos negócios da família, sem ter tempo de ir a escola e vivia resmungando pois queria ter a vida de um jovem que vai a escola e tem amigos. Tudo vai do ponto de vista de cada um, pois quando vc chega em uma cultura diferente é normal que vc ache estranho tudo o que se passa, suas criticas são pertinentes, são criticas suaves e voltadas a liberdade que muitas mulheres do afeganistão não têm. Da soberania que os hoens têm. Vcs devem ler o livreiro de cabul para ter uma opnião mais concisa, a sinopse não diz tudo apenas um pedaço bem pequeno do bolo.

    Abraços a todos
    Beatriz C. B. Melo

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  5. as "desgraças" narradas por Sultan provavelmente só o são na sua própria concepção. Li O Livreiro de Cabul e se aproxima de outras histórias afegãs que acompanho, pois tenho fascínio pela vida desse povo injustiçado e maltratado. Estou louca para ver a versão de Sultan, para saber com que justificativa ele alivia sua consciência.
    Os hábitos deles nos chocam pq oprimem as mulheres, que, na visão dele, não é mais do que a obrigação delas: obedecer caladas. O Livreiro de Cabul é, antes de tudo, uma denúncia à tirania familiar.

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  6. Li o Livreiro de Cabul e acho bem real com a vida no Afeganistão, pois já li muito sobre este país e a opressão das mulheres e crianças. Acho sim que condiz com a realidade. Talvez este livro resposta tem apenas um propósito de amenizar os possíveis "prejuízos financeiros" do senhor Shan Rais. Pois quem leu o livreiro de Cabul irá entender a minha opinião.

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  7. Achei Eu sou o livreiro de Cabul muito fraco e pouco convincente...uma tentativa frustrada do autor de melhorar a própria imagem, mas sem sucesso.

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  8. livroooooooooo muuuuuito boooooooom !!!!!!!!!!!!!!

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  9. Asne não faz uma crítica ao islamismo ou a uma cultura diferente da sua. Em minha opinião ela apenas narra o que vê e é claro que o olhar dela está moldado por sua própria cultura, mas em nenhum momento ela é desrespeitosa. A narrativa é muito boa e em alguns momentos até muito sensível. Imagino que se o livreiro se sentiu incomodado com a situação deve ser porque qq um se sentiria assim com alguém narrando sua vida. Mas no final são só olhares diferentes e ..... interessantes claro!

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